24 de novembro de 2020

Poema de aterrissagem

 



Aterrissar é sempre bom


Mas, tem uma grande diferença entre algo ser bom e algo ser bom com você


O você que me lê, deslocando-se de um lado a outro da cidade grande,

É a deixa pra que ela não deixe de ser linda


E quando o vejo olhando a abóbada da Catedral,

Fico desfeito, um bobo, que se lembra de momentos que nem aconteceram

Nos quais caminho ao lado dele desde que éramos crianças

Como amigo, amante, irmão, amante, diamante

Dando pra ele

O que lapidar e dilapidar


E com o tempo ele aceita não ter outra escolha a não ser ser dono de mim,

Do corpo, dos movimentos, das minhas lutas e luas:

Minhas só metaforicamente porque já são dele:

São dele porque não podem ser de outro do modo como são dele

E não há Capitalismo ou Comunismo capaz de lidar com esta impropriedade privada

Nem cartório onde lavrar essa preciosa reescritura


No próximo encontro, quero que o você da minha vida,

Me ensine a tocar seu corpo

A ser a falta de vergonha suficiente

A encarar sua nudez com minhas costas e litorais, com vista para a via láctea

A trazer sua eloquente nudez pra dentro da minha:

Desnudando minha mudez


É a primeira vez que uma saudade me faz sentir inteiro

Se você ligar numa madrugada partida ao meio, 

o sol vai nascer no meu pé do ouvido


Você traz muitos bons futuros de presente para as pessoas


Não tenho nem sinto culpa se o homem, o irmão, o homem, o amigo e o homem que escolho

São a mesma pessoa:

E leem o mesmo Pessoa







14 de novembro de 2020

Luna, Flor, Maria e Graças

 

Fonte da imagem: Freepik


Quando voltei a fazer Aikido em 2011 (dizendo a mim mesmo que não voltaria nunca), a primeira pessoa que me olhou e falou comigo foi Karla Sabrina Pimentinha, que carinhosamente chamo de Sabryna

 

Esse encontro foi sinal de que o retorno ao Aikido traria luz pra minha vida

 

Como já devo ter dito antes, sou sortudo por ter duas irmãs chamadas Karla (Karla Vidal e Karla Sabrina Pimentinha), tão lindas, cheias de força, sinceridade e donas de seus ideais, cada uma a sua maneira

 

Tenho sido testemunha de momentos importantes na vida de Sabryna, uns tristes e muitos felizes porque ela é como ímã que induz felicidade sem pretensão ou pretexto

 

Sou grato por ter testemunhado o germinar da história de amor dela com meu compadre Felipe De Andrade Simões e, agora, por estar presente no nascimento de Luna e de Flor (Maria Flor), rimas perfeitas numa poesia de alegria, de vida, vinho novo sem dúvida ou dívida, transbordando nossas taças de amor, orvalhando nossas barbas e ungindo nossas frontes.

 

Por este milegre (alegre milagre), toda honra a Ti, Deus Amor

 

Lindo pensar que Nossa Senhora tem a lua sob seus pés e na cabeça uma coroa de flores. Ela já recobre estas princesas com seu manto de estrelas

 

Se eu pudesse, queria escrever pra elas textos como os de Antônio de Pádua, capazes de fazer os peixes saltarem de dentro do mar para ouvir ou compor uma nova Claire de Lune, como Debussy, para ninar o sono delas.

13 de novembro de 2020

Sobre a repetição

 

Paráfrase de pôr-de-sol



Não tenho problemas com a repetição

E rever o você que me lê é como reviver 

as águas, os céus, os sóis, as luas, os perdões: 

Alegre, profundo e com um algo

Que veste as palavras de não saberem o que dizer

E reveste os corpos de saber ao incerto como agir 


Me repito na expressão dos sentimentos

E quando me repito fica tanto que falta ser dito

E tanto de impreciso a ser feito

Mas, se você se sentir à vontade perto-longe de mim,

Se em você a voz dos outros meio que tirar férias,

Então, recontinuar será um gosto em todos os agostos

Com ou sem os deuses


E os amores que fizermos ou refizermos

Ou quase ou ainda ou quem sabe?

Não trarão o peso de ultimatos

Nem antes do depois

Nem depois do antes


Só sei, no meu nada sei, que

Desejo você feliz no que te fizer mais feliz

Podendo ser o máximo de contato

Naquilo que você ama lutar

Sendo toda a plenitude da precária condição humana


Prefiro estar longe e ter saudade,

Sabendo que você está feliz,

Do que ver você mais vezes num mundo

Que te deixa preocupado e triste


10 de novembro de 2020

Teoria dos conjuntos

 

Foto: Naonobu Noda/divulgação


O hoje me lembrou que o você que me lê

É mais que bonito em todas as direções da rosa e dos ventos

Quando sua voz conta comigo dentro de mim,

Obstáculos aceitam ser superados

Meu eu aceita caber no meu corpo

Nossos corpos acham a medida justa do abraço descabido

Do prazer a se descobrir

 

Que chegue logo a hora da cura

Para a pandemia

E para a mania que os dias de você comigo têm

De acontecerem somente uma vez por semana

 

Quando traduzo sem temor a flor de ouro para o grego,

Percebo que minha saudade encontra abrigo

Em cada chance que os conjuntos dele têm

De criar pontos de intersecção entre

A alegria, a coragem, a criatividade, a paz

 

Nosso estar juntos, perto-e-longe,

Há de encontrar, pela vida a fora, ponto de intersecção entre

Coragem, ousadia, leveza, tranquilidade, além das falhas e tectonismos necessários para calibrar o toque de acolher

E nossos defeitos e qualidades não precisarão

Se escorar em nenhuma correspondência biunívoca


4 de novembro de 2020

Poema de depois

Foto: Karla Vidal



Depois de encontrar o você que me lê,

Até os medos me deixam mais corajoso,

Incluindo o medo de o perder pra o retorno da vida normal

Queria ter mais tempo pra junto a ele fazer do bom combate

A melhor desculpa pra estar ao lado de sua proximidade-distância 


Acordo querendo que o sol, antes de nascer no horizonte, nasça na alma dele

(ou pra ser mais impreciso na sua estrutura neuropsíquica)

Depois de experimentar a luz dele, ando até dando pra amar os inimigos logo depois de acordar


Depois de você, tenho desaprendido algumas certezas

Que me descartavam, fazendo-me logo pensar que inexistia sob determinados aspectos

E estou certo que você desaprendeu comigo uma ou outra certeza,

E tem em mãos a senha pra superar a tensão superficial 


que separa os corpos, tornando-a em abraço


Tomara que a vacina não traga como efeito colateral

Um mundo em que eu exista pra ele como um candidato

De um partido inexpressivo existe para o horário eleitoral

Ou como uma broma por detrás da bruma


Por mais desprestigiado que seja meu eu partido,

Inteiro ele está pra ser lido por você: da ponta dos pés até o beijo 


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