23 de abril de 2024

Sobre a programação neurolinguística

 





Me propuseram utilizar a programação neurolinguística para desgostar de você

Pensei nos programas que poderíamos fazer juntos

Pensei em você chegando junto da minha cintura, pedindo guarita no meu cobertor

Pensei em você chegando, permanecendo, se despedindo, voltando, se revoltando

Até quando eu me chateio, meu olhar que finge evitar você acha você lindo


A programação neurolinguística não conseguiu me tirar do seu colo

Não conseguiu impedir que o vento esculpisse sua lembrança em mim

Nem teve coragem de pedir ao meu sorriso bobo e discreto

Ou a minha cara de abuso que deixassem de emoldurar

O desejo que sinto; o desejo que tenho de ver você vencendo não como quem é capaz de derrotar,

Mas sim como quem conhece a rota que conduz à paz inquieta da alegria

O orgulho que sinto de você entrelaça meus dedos nos seus e deita meu rosto no seu peito


Você sempre poderá roubar da minha finitude instantes de eternidade 

Esse roubo não será crime porque parte de mim é inteiramente sua

Ser ouvido por você é realidade que vira sonho

Aceito namorar com você seja qual for a distância ou a proximidade

É muito gostoso o ter remoto e tremer quando você está por perto

Meus sonhos adoram ter como prefácio você me carregando nos braços


Não tenho nada contra a gratidão

Só tenho um pouco de medo que ela seja um pedido para eu deixar de gostar de você

Seu Sim faz meu espírito de luta revoar



9 de abril de 2024

Escolha


 Colagem de Karla Vidal


Quando o baile de ontem começou,

Estava receoso de que você dissesse que não ia me tirar mais pra dançar

No final, você só me desejou Bom Descanso

E, talvez, eu tenha ficado chateado e tenha dito: "Pra ti também."

Mas, foi coisa de momento: era pra eu ter dito: 


Pra você também

Você que escolhi e escolho

Que me colhe

A quem desejo e quero

Acolher


Não quero chamar outro de Você: que não seja você.

Se você é um nome próprio ou impróprio, não importa

Gostou da escolha que fiz?

Eu aceito você e espero que você me aceite também

Nossa cumplicidade possa seguir dispensando testemunhas


Receba-me com minha dança

O ardor de quando chamo você 

Não tem como ser por favor o que é por comovente fervor

Meu corpo de delito é a favor de que as próximas contradanças

Sejam com você


Espero você vir me buscar na hora do recreio e na saída do colégio

Espero por você na chegada e na partida

Com meu espírito de luta e meu corpo de delito


É provável que você, com um olho nas costas, tenha anotado meu sorriso secreto 

Sentiu o cheiro remoto do perfume que se passou por mim?: foi a Roma e pegou uma conexão no vento

Pra chegar até você


Parece que já estou invadindo o próximo poema...

Até o próximo baile


9 de março de 2024

Homenagem a Akira Toriyama, que criou Vegeta

 



Tem horas em que você parece o personagem Vegeta (se lê Vejita), de Akira Toriyama:

É áspero, seco, arrogante e confunde deboche com ironia

Mas essa fina camada não consegue disfarçar o rio de doçura

Do qual é feito o coração do você que é livre para ir embora, mas que eu quero ter por perto

Assim como a fé quer ter por perto a esperança

 

Se for me dizer pra eu não voltar, quero que você saiba

Que a distância nunca se permitiu ser vencida como quando nos reencontramos


Vegeta não fica com raiva quando quem ele ama se sente feliz: ele só fica sério

Eu sou na minha o suficiente pra me sentir feliz sem cobrar nada em troca de quem,

De algum modo, me ajuda a sorrir no silêncio do coração

Se você ou Vegita não acreditam nisso, danem-se


Akira Toriyama foi embora para onde as esferas do dragão não precisam ser 

Caçadas e obrigadas a conceder desejos

Ninguém precisa ser caçado e obrigado a conceder desejos


O você que amo é amado como Vegeta é

Obrigado, Akira, por ter criado Vegeta assim como ele é, parecido com o você de quem gosto como ele é

Obrigado, Senhor, por sempre estar recriando o você que me lê 








23 de janeiro de 2024

Sobre a presença remota e terremotos

 


Colagem: Karla Vidal


Faz algum tempo que não venho aqui,

É que estou ajudando meu livro a terminar de se escrever

Acabei voltando porque, quando escrevo pra você,

Minha alma se sente mais à vontade no meu corpo de delito

E quando desejo você meu corpo se sente mais à vontade, em sua alma, de ser lido


Em 1999 e em 2099, eu olhava o céu, do quintal da Terra;

O atemporal, que serve de cobertor às estrelas, guarda o segredo

De que eu já conhecia o você que lê meus poemas

Pra achar a senha de acesso ao universo que só fará, verdadeira e mentirosamente, sentido pra ele.


Tive a impressão de ter visto a França me assistindo treinar a arte que se alimenta do erro novo e melhor: problema algum, além do ciúme que é tão grande

Imaginar você no interior da França sem estar no meu interior: não consigo sem que as falhas da minha presença remota virem terremoto e me desliguem da sua existência.

Não consigo ser partido ao meio em partes assim desiguais.


Problema é eu compreender, com a presença da França, que eu não sou bem-vindo

Na sua existência

Que você me quer fora da sua semente: verdadeira e mentirosamente

Se a presença da França for sinal de que até minha presença ausente e distante incomoda você,

Vou deixar uma pergunta: como você quer que eu vá embora?

27 de setembro de 2023

Pedindo à meia Lua para ser chave para o descanso do bom combatente

 



No começo pensei que era por você ser parecido com Elvis Presley

Depois, por você ser parecido com Spock, de Jornada nas Estrelas

Mas, olhando bem, eles é que parecem com você

E o que é mais bonito em você é você ser parecido com você mesmo


Não que eu queira ver você chateado ou com sono,

Mas, perto de mim, você pode ficar chateado, com sono

Eu quero você à vontade pra ser a festa ou a sesta do mundo

A segunda ou a sexta

A bola fora ou a cesta


Uma voz da França deixou escapar 

Que, talvez, você se sentisse pouco à vontade com meu olhar de encanto

É que, às vezes, olho pra não perder você de vista no meio das constelações

Outras vezes, olho porque olhar é um jeito de me beliscar

E saber que não estou sonhando: que estamos juntos na mesma vida


Tem momentos em que estou na academia, correndo ou no Step ou no Jump, ou nadando

E me sinto teletransportar para onde você está

E fico imaginando você vencendo, imprimindo luz ao cair e ao se reerguer

E ajudando outros extrair o melhor que tanto o cair quanto o se reerguer podem oferecer


Não consigo decidir se você é mais bonito com ou sem os óculos

Só sei que meu ponto de vista convida você a participar dos meus textos e contextos


Queria sentar com você no batente, 

Meu coração acelerado; minha mão se tornando uma meia lua, 

E acariciando seu rosto até virar a chave que abre a porta para o descanso

Capaz de renovar as forças do bom combatente



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...