3 de março de 2019

Por que o carnaval é coisa de Deus?

Foto: Cláudio Clécio



É comum a gente ouvir falar que o carnaval é coisa do capiroto,
Mas, que mal há em brindar a lei do ventre livre com uma boa caipirosca?

Estou cada dia mais certo que o carnaval é de Deus.
Nunca ouvi falar que Momo vibrou com a morte de crianças
Alá, meu bom Alá, em teu nome nenhum folião decapta
Aliás, a arma mais incisiva do carnaval é uma boa tesoura de frevo sob a chuva
No largo do amparo

Bem mais que 513 pessoas conseguem caminhar imprensadas nas ladeiras de Olinda

E passam por homens e mulheres que se beijam e se atraem independentemente do sinal de suas cargas elétricas

Não vejo ninguém quebrando luz na cabeça de ninguém porque esse alguém é gay, negro ou prostituta.

Mãe África canta e dança até as ladeiras virarem de ponta a cabeça e o carnaval mostra que
a maldição está na inveja, na cobiça.

A chuva que escorre pela ladeira da Misericórdia não vai soterrar inocentes na lama
No carnaval, o efeito mágico da fantasia dura até a quarta de cinzas
Existem lugares em que miseráveis fantasiados de homens públicos reduzem a vida dos outros a
Cinzas até que os outros se convençam que são cidadãos de quinta: sem mais direito a feira ou férias

No carnaval, posso beijar meu amor até que a homofobia dos chefes pipoque

Podem me chamar de crédulo, de ingênuo, mas, em nome do Bom Jesus dos negros, a fé continuará tocando seus tambores silenciosos no meu Eu Sou.

Tanta semente de verdade e reciprocidade me é plantada pelos carnavais
E quando verdade e reciprocidade chegam a nossos quatro cantos
Não há como voltar, a menos que a volta seja uma volta ao mundo

O dia e a hora secreta do encontro com o amor da minha vida estão marcados no suspiro de saudade de uma melodia de Maria (Antônio). É o que há de mais claro e contundente no meu "Ainda não sei como".

Quem disse que o amor de carnaval não pode ser pra sempre? Pra sempre, como geme a gaita do folião, não é nada mais que "sem pressa pra".

Vou ali no carnaval adubar um eu te amo bem sem vergonha, safado*

* Safado: palavra derivada do íbero: sem (en)fado



Panegírico do himeneu de Sabryna e Mu



Pra vocês sentirem como a amizade verdadeira não liga pra partidos - sejam políticos, filosóficos ou religiosos, digo que Sabryna e eu somos amigos, mesmo ela acreditando em predestinação e eu não.

Mas o tema dessa poesia não nossa amizade, mas sim o amor de Sabryna e Felipe (conhecido nas bandas da Várzea como Felipe Mu, herdeiro da casa de Áries).

Lembro que quando Sabryna conheceu Felipe, ela já o amava na mesma intensidade que o ama hoje: era ao mesmo tempo um amor que era dragão nascente, cólera dos mil dragões e último dragão.

Ela queria atingir logo o décimo sentido e garantir que a predestinação não fizesse nenhuma gracinha, inventando de dizer que o amor da vida dela não seria Felipe.

Sabryna às vezes tinha o medo absurdo de Felipe não sonhar em casar com ela por ela não ser bonita o suficiente: por ela ser negra.

Todos nós temos medos absurdos e sem sentido vez por outra...

15 dias atrás, voltando do carnaval de Olinda, Felipe me abraçava chorando. Ele também confessou o medo sem sentido de que Sabryna o deixasse e disse que não sabia como administrar um amor tão grande, que ele nunca havia sentido.

Ele não se lembra, mas me contou que dos seus sonhos era se tornar um super sayajin  power plus 70 vezes 7 com banda larga ultra turbo top e sair voando. Nas entrelinhas dessa confissão, minha telepatia de poeta captou a seguinte mensagem:

"Sabryna, meu amor, eu ficaria a vida inteira juntando as esferas do dragão para pedir que nós permaneçamos juntos até o final do fim.".

E Sabryna, depois de uma risada com sabor de vida eterna, respondeu:

"Amém e além!"

Mu me surpreendeu, adotando-me como um tipo de irmão. Que honra acompanhar seu amadurecimento e me permitir ajudar a cultivar essa árvore que ainda tem arestas a serem aparadas, mas tem crescido em sabedoria e graça.

Sabryna do Aikidô, que bom que Deus me deu a chance de ter duas irmãs lindas chamadas Karla e igualmente inteligentes e vidais.

Que eu possa ser seu uke até Jesus Cristo voltar em glória.

Mas, ele já está aqui.

Termino, agradecendo a ele e chamando-o de Espírito Santo e pedindo que ele venha como em Pentencostes, ensinando todas as gerações da família de vocês a serem sede de justiça, fogo suave e abrasador, amor que faz o som ecoar até no vácuo.

Atena estava certa: o amor é a essência do cosmos. Viva ele então!
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