Foto: Karla Vidal
Ele é dono dos meus cinco sentidos
Locatário do sexto
Louco atalho para o sétimo
As curvas do meu corpo podem ser bonitas,
Mas se sentem lindas ao pensar que ele as pode tocar
Tem tanta gente sonhando em dançar balé ou fazer guerra na lua
Eu quero entregar a ele a intensidade de minha presença nua
E entrar debaixo do cobertor pra me tornar uma pérola enroscada
No seu corpo com cheiro de dia de bons combates
O ciúme que sinto quando ele curte a França
Não chega nem ao rastro
Do desejo de que seja possível dizer esse poema a ele por telefone
Ou ter esse poema calado pelo entrelaçamento de nossos corpos: os terrestres e os celestes
O sono bateu à porta desta poesia
E ela vai precisar dormir
Como será o sonho dentro da cabeça-de-coração de uma poesia?
Não importa em que cabeça ou coração esteja o sonho
Ele faz sentido a partir do momento em que você chega
Com seu buquê de rosa-dos-ventos
Porque é lindo o cheiro de quem luta com minhas luas e sóis
Pra ter o direito de, no apagar das luzes, desenhar meu corpo
Com seus abraços
Redesenhá-lo com seus beijos
Penetrá-lo com seu Falo
Compenetrá-lo com seu Escuto (escudo)