27 de setembro de 2023

Pedindo à meia Lua para ser chave para o descanso do bom combatente

 



No começo pensei que era por você ser parecido com Elvis Presley

Depois, por você ser parecido com Spock, de Jornada nas Estrelas

Mas, olhando bem, eles é que parecem com você

E o que é mais bonito em você é você ser parecido com você mesmo


Não que eu queira ver você chateado ou com sono,

Mas, perto de mim, você pode ficar chateado, com sono

Eu quero você à vontade pra ser a festa ou a sesta do mundo

A segunda ou a sexta

A bola fora ou a cesta


Uma voz da França deixou escapar 

Que, talvez, você se sentisse pouco à vontade com meu olhar de encanto

É que, às vezes, olho pra não perder você de vista no meio das constelações

Outras vezes, olho porque olhar é um jeito de me beliscar

E saber que não estou sonhando: que estamos juntos na mesma vida


Tem momentos em que estou na academia, correndo ou no Step ou no Jump, ou nadando

E me sinto teletransportar para onde você está

E fico imaginando você vencendo, imprimindo luz ao cair e ao se reerguer

E ajudando outros extrair o melhor que tanto o cair quanto o se reerguer podem oferecer


Não consigo decidir se você é mais bonito com ou sem os óculos

Só sei que meu ponto de vista convida você a participar dos meus textos e contextos


Queria sentar com você no batente, 

Meu coração acelerado; minha mão se tornando uma meia lua, 

E acariciando seu rosto até virar a chave que abre a porta para o descanso

Capaz de renovar as forças do bom combatente



18 de setembro de 2023

Novo diálogo com Platão

 





Colagem: Karla Vidal


Li num desses livros que nunca foram escritos

Que o sol é uma vela e a Terra um bolo de adversários

Fatiado por contendas

Cheio de casas, tendas, ocas e também de cabeças ocas


Mas, quando saio pra navegar com você,

A Terra se torna, ao mesmo tempo, barco e oceano

E seu olhar consegue ser farol, vela e tempestade


As pessoas costumam julgar quem está dentro da caverna de Platão,

Más, mal sabem elas que conseguimos ser quem está dentro

E quem está fora da caverna

Porque o resumo da vida é fugir de e voltar para nós mesmos


E, boa parte do tempo, 

As pessoas se amam platonicamente

Amam-se sem se poder tocar

Enlaçadas mentalmente por uma música que toca no Deezer

Numa língua de fogo que não se sabe o que diz


Abraços, beijos:

Boa parte do sentido desses gestos se concretiza

Á distância quando a solidão nos desafia

Até o cheiro consegue se revelar quando se veste de lembrança


Não tenho medo das sombras da caverna

E é escolha minha treinar em você 

A mira secreta do meu olhar apaixonado


Escolho você pra ser o portador da chave

Do meu ficar e do meu ir embora

Eu amo 

E, por isso, condeno você a ser livre

Para escolher qual dessas portas abrir


É com você que meu desejo consegue esquecer

Que é um mendigo vestido de ultraje no meio da festa


Não tenho a receita para desfazer

A atração que sinto por suas cavernas,

Seu corpo e seus corpos cavernosos


Admiro a cidade-luz,

Admiro as tavernas,

Mas, continuo a ter ciúmes da França


Mesmo quando entro fora do tempo,

Você continua sendo um presente

Que vale mais do que ganhar


É você que escolho pra começar

A ouvir minha canção de amor

Antes de eu começar a cantar

E depois do último acorde


É com você que gosto de acordar

Dentro e fora do sonho

É com você que quero dormir

A insónia da realidade


Agradeço aos dias por serem ponte 

Para meu reencontro com você


Obrigado, esperança,

Pelas vitórias de quem amo

O dia em que você chega ao mundo

É também dia de Nossa Senhora


Fico feliz por você me convencer,

Sem palavras ou pódios,

De que faço/fiz/farei (?)

Parte do que não parte ou se parte






5 de setembro de 2023

Para cicatrizar a febre e a preocupação

 


Foto: Karla Vidal


Hoje, lembrei de me convidar para a festa de mim mesmo

Demorei um pouco a chegar porque tive receio de que meu eu fosse uma roupa fora de moda

Mas, depois de meia hora inteiro, notei que estava bem revestido


Na parte inicial do baile, em que parecia que você estava comigo a pulso

Quis ir embora, mas se você não estivesse, a festa do mundo me desconvidaria

Eu ficaria como um retiro de festim


O sobrenome pode ser, ás vezes, chateação, raiva, mas o nome continua sendo amor

A revolta que, às vezes, corre nas minhas artérias

Acaba por querer se tornar a constelação de Astreia e abraçar você

Cicatrizando qualquer febre, preocupação


Dançar com você, mesmo quando você está enfadado, pinta minha semana de recomeço

Se, pra você estar bem, minha presença fora da festa for necessária, eu aceito

Que a carruagem se lembre de que é abóbora e meus sapatos de cristal esqueçam como é

Calçar os meus pés


Mas, espero que não seja o caso, porque gosto de que seja você

A dançar comigo a primeira valsa sempre após sempre













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