Li, recentemente, um texto bem escrito e bem idiota cujo
título é algo como “Quando se ama alguém, mas não se gosta mais dele” e que, a
bem da verdade, poderia ser “O valor da amizade na loja da conveniência”
À medida que ia lendo, agradecia pelos amigos: os
convenientes e os inconvenientes
E orei:
Obrigado, Senhor, pelos amigos que me adicionaram no Face
para garantir o superávit de sua balança comercial
Por aqueles que precisam de um despachante de luxo para
resolver assuntos do Detran
Por aqueles do tipo texto implícito:
- Texto explícito: “Bora marcar”
- Texto implícito: “Em agosto... a gosto de Deus”
- Texto explícito: “Ô meu chapa, quanto tempo!”
- Texto implícito: “5, 4, 3, 2, 1 Vou embora porque tenho mais o que fazer.”
E assim por diante
Bem, depois que os amigos acima tiveram direito a sua cota
de oração, acendi o interruptor do laicismo e percebi que minha parcela orante
se acendeu com ainda mais brilho
Mas, eu não estava mais orando. Estava me lembrando de uma
amiga. E essa amiga era metáfora de amigos caros como a graça
Amiga do Clécio tímido, do Clécio confuso, do silencioso, do
tagarela, do travado, do espontâneo, do aikidoca, do muay thai, do
desengonçado, do elegante, ácido, do básico, do arengueiro, do pacato, do extrovertido, do ensimesmado, do preguiçoso, do workaholic, do destro, do canhoto, do heterossexual, do
bissexual, do a-sexual, do etc e tal
Todos os Clécios e os seres humanos que o espelho do Clécio
esconde são felizes por terem sido visitados por um certo dia cujo endereço foi
uma certa academia num certo Recife de 6 anos atrás
Neste dia, uma certa pessoa entraria na história de um
incerto Clécio; entraria de dread, piercing e cuia. Pouco a pouco, o riso estridente dela
se infiltrou nas minha corrente: a sanguínea e a de Adrômeda
Nas aventuras, nas ciladas, na rotina, ela se faz presença
encantadora sem precisar ser aprendiz de feiticeira. E não tem preguiça de
lutar contra a inércia, a conveniência e a preguiça de colher Clécios novos nos
antigos e vice-versa. Ela ama gostar e gosta de amar.
Eu topo andar ao lado dela nu, sem faróis, heróis ou heroína, pela Avenida Caxangá ou outra que topar o desafio de ser maior.
Ser ukê no seu dô é uma honra.
Não sou grato, minha amiga, porque
a gratidão por si só é morna e o carinho que sinto tem fogo, fome, paz e
inquietude.
Dedicado a Karla Sabryna
Salve 22-02-2017.