Foto: Cláudio Eufrausino
No meio do meio que impossível caminho chamado "Acreditar no ser humano",
O você que me lê me deixou sem chão
E meus pés finalmente acharam uma base firme
Os que vieram antes eram meros arrombadores
De cofres
Não sabiam (porque não se importavam)
Nada sobre preliminares das preliminares
E minha poesia terminava se vendo obrigada a se ver
Como um experimento sob tediosas e controladas
Condições de temperatura e repressão
Quando a chuva do meu sonho sem eira
Encosta sua travessia no travesseiro,
Meus dedos ficam treinando caligrafia
Na fronteira interna entre o tríceps e o bíceps
Do você que me lê
E ao caminhar nesse desfiladeiro,
Olho pra baixo e vejo o seu Falo
Se erigir
E quando ele fala,
O mastro se acende e transforma as velas
Em braços abertos para acolher minhas tempestades de calmaria
E basta meu silêncio começar a ser escutado pelo dele,
Pra meus aperreios rirem
Ele sabe montar em mim sem arreios
Me voar sem escalas
Reunir tantos arroios dispersos na confusão de mim
E desaguá-los em "Voilás"
Sem prestar contas a cupidez, flechas, arcos nem trunfos
Sei que, no fundo, por mais excitados que estejamos,
Não somos grande coisa,
Somos triviais, comuns, banais,
Mas, debaixo dessa couraça
Existe um grande herói desprotegido:
O que também não importa
Porque eu escolho gostar do herói
Que o você que me lê é
E escolho trai-lo com sua identidade secreta
Quero dividir com os dois-em-um o leito onde o rio
Da vida ri da própria tentativa de encontrar socorro
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