Diante da constatação de que é incômodo e, por vezes, angustiante
Abrigarmos a nós em nós mesmos;
Brigarmos conosco em nós mesmos;
Obrigar-nos a nós em nós mesmos;
Só posso ser grato à contingência
Que bate na caixa torácica do destino,
Por não ter deixado minha vida ir embora
Sem (re)conhecer o você que me lê:
Aquele que, sem perceber,
Pacifica brigas de mim comigo
E empresta calor humano a minhas estrelas,
Que, assim, conseguem brilhar desmedo e desmedida,
E preferirão ser eventualmente expulsas
Das constelações, a deixar de lutar com e por ele
Perto-e-longe desse você,
A administração dos medos
Tem sabor de biscoitos sortidos
E cheiro de chuva sussurrando ao pé do ouvido
Das minhas janelas
Mesmo assim, vez por outra medra (in)certo medo
De que ele queira convencer meus três corações
A não serem dele
E tenha receio de ser o você da minha vida
Mas, a sua coragem
Tem sido mais rápida que o veto tácito das convenções,
E me mantém seguro:
Segurança que me excita e me incita ao bem
No intervalo entre o cio das palavras e a lavra dos silêncios enigmagmáticos,
Gosto de contar pra Deus
Como é bom resignificar o sentido do termo namoro
Com ajuda do você que me lê,
Desmontando, dilapidando os protocolos
E exigências dos romances, das cartas, das publicidades;
Forjando carinhos refeitos sob (des)medida pra o tempo-espaço que nos une
Um retrato cujo único compromisso é com a fluidez;
Que tem como cláusula única o Deixar Viver,
Assinado pela sintonia
E rubricado por eventuais intempéries
E se o resumo do fazer amor
For aquecer meu rosto no seu plexo solar
Abro mão de qualquer tipo de foto e filtro
Encontro nele o você que gosto de chamar
Sem precisar ter algo a dizer
Com quem posso treinar minha poesia e seus para sempres
E queimar a chama
Até desancorar o pavio que navega a luz que não se apaga
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