A poesia precisou abrir um pouco mão do seu voto de silêncio e cio
Porque o dia de hoje pesou
Sobre os ombros da minha impotência gravitacional:
Acampei numa contenda
Mas, o conflito se tornou figurante
Porque a lembrança do olhar do você que me lê
Estava na plateia ouvindo o concerto da minha paz que achou voz
E senti vontade de despir o traje de falsa presa que
Me vinha sendo atribuído há tanto contratempo
Da luta doce e firme do você que me lê,
Colhi energia pra demolir os punhos da desumanização
E consegui acolher
A vitória do meu eu desertor
E pude ser uma grande dose de mim mesmo
Com bônus de amanhecer
Abri a porta e saí pra dentro de mim
E me surpreendi que a roupa de ilha cercada de recreio solitário -
Lavada com intimidação -
Ao tirá-la do varal,
Ela tinha se tornado pradaria deslavada
Desembainhando raios de sol com cheiro de amaciante
Quero compartilhar com o você que me lê
O dia de hoje,
Minha coragem de tremer quando ele chega perto-longe
Minha desnecessidade de aniquilar
O caminho limpo que deságua de mim,
Dividindo o mar do conflito
A contenda da qual falei
Perdeu o sentido
Porque tudo o que queria fazer
Era me sentir nos braços da proteção do você que me lê
E, como um agiota,
Emprestar aos anjos com os quais desejo que ele durma
Desproteção o bastante e proteção o suficiente
E, quando chegar a hora dos arcanjos pagarem,
Abro mão de juros e promessas
E me contento com o tesouro dos abraços
Que o eu profano dele possa ter guardados pra mim
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