Vou me comprometer a dar um pouco de descanso às palavras
Mas, é que ouvi escrito em algum lugar que quando o profeta cala,
As pedras (os rios, os fogos, os ares) falam
E quando as pedras falam
O poeta traduz as cláusulas pétreas para a linguagem dos sinais
Como não sou profeta, nem pedra, nem constituinte e, somente talvez, poeta
Acabo tendo que começar a escrever pra aliviar a coceira do coração:
O meu, o das pedras, o da poesia ou de outro instrumento ilegal afim
Quero dizer ao você que me lê que não está em nenhum dos meus plenos,
premeditações ou pós-meditações partir
Nem me afastar
A primeira vez que conheci um para sempre suave foi com ele
A sua companhia ajuda meus gestos a aposentarem a placa de “É Proibido”
E a regulamentar a de “Fique tranquilo”
O medo e a vergonha de olhar deixam de ser flecha e viram alvo quando o vejo
Ele se abre pra minhas palavras sem paraquedas
E ajuda minhas asas a fazerem as pazes com os voos
Na hora de entrar pelo portal que se abre na lousa mágica,
Eu escolho segurar a mão dele
Porque, mesmo que ele esteja com raiva, sinto firmeza e segurança
Basta ele chegar que
Os outros do passado e seus assédios, risos, cuspidas no chão, desprezos soltos, tolerâncias morno-pesadas
Despossuem meu corpo
O você que me lê não precisa se preocupar em fazer nada
Nem sentir ou consentir o que quer que seja
Sem esforço, ele faz a diferença
Mesmo chateado, ele é íntegro e, chateado + íntegro, é lindo
Eu amo e acredito na grande família humana,
Só não consigo evitar que, dentro dessa família, o você que me lê seja especial pra mim;
De gostar dele na sintonia de Ágape, Filos e Eros
Mas, indepenendente de qual seja o gostar,
Ele quer ser mapa do você feliz,
Sendo você leitura ou desleitura
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