Fonte: Sortimentos.com |
Sei que, ao escrever esta postagem, corro o risco de as
pessoas dizerem que, depois de ter sofrido um acidente de carro, regredi
mentalmente. Mas, não se trata disso. Na verdade, o que me levou a escrever foi
um sentimento comparável ao que o escritor Proust se refere ao escrever sobre a
memória. Antes de mais nada, confesso que não li “Em busca do tempo perdido”,
mas, de forma semelhante a Sílvio Santos, dou-me o direito de falar sobre o
livro simplesmente baseado na autoridade do “ter ouvido falar”. O que seria de
qualquer discussão série e profunda sem os “ter ouvido falar” para alinhavar
nossas memórias?
Mas, voltando a Proust, pensei nele e sobre sua reflexão a
respeito de como o passado é revivido a partir de memórias aparentemente
triviais, como o gosto de um bolinho. Terminei de viajar ao passado, durante
uma conversa com a amiga Renata Marques. Ela perguntou simplesmente se eu iria
a uma confraternização organizada por outra amiga nossa. A questão trouxe a
resposta à minha mente vestida de piada. Foi quando recordei, involuntariamente,
de uma música de Angélica, chamada “Eu digo sim, sim, sim, mamãe diz que não”.
Depois, acabei lembrando de outras canções da esposa de
Luciano Huck e das “profundas” letras
destas canções. Eis um exemplo:
“Eu sei que ele é um tipo
Com ele vou sonhar
Lá vem mamãe dizendo
Que eu tenho que estudar
Só tiro nota dez
É pura ilusão
Não posso entregar
O meu coração”
Com ele vou sonhar
Lá vem mamãe dizendo
Que eu tenho que estudar
Só tiro nota dez
É pura ilusão
Não posso entregar
O meu coração”
E me pergunto de onde vem a conexão lógica entre “tirar nota
dez” e “não poder entregar o coração”.
E segue-se a lista de outras joias raras cantadas pela moça
da pintinha na perna:
“Toque toque toque (Bis) Toque violão
Cante, cante, cante (Bis) Cante uma canção”
Bem como:
“Chocolate é gostoso de comer
Chocalate é gostoso de beber
Chocolate eô
Chocolate eô”
E, pra mim, a melhor:
“Um limão e meio limão
Dois limões e meio limão
Três limões e meio limão
Quatro limões e meio limão...”
Mas, como é sabido por quem bem o sabe, nem Angélica nem
ninguém é obrigado a viver o tempo inteiro perseguido pelo compromisso de ser
profundo ou inteligente. Um pouco de leseira é remédio ótimo para reoxigenarmos
o cérebro nosso e o de outrem.
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