Foto: Thibault Camus/AP |
Poema de Feliz Ano Novo Antecipado
Dezenas de sóis adolescentes contracenam com minhas
cicatrizes
E como elas atuam mal!
Por mais que se esforcem, não conseguem disfarçar que são
feridas ind’abertas
Na volta e na ida
A espera preferiu pegar no sono
E, assim, talvez, achar uma forma de não sentires vergonha
de me carregar nos braços
Então, demiti a eternidade
Para que não tivesses medo de ficar comigo e te tornares algum tipo de refém,
Obrigado
Por nada
Tu me dóis quando não me dás espaço para te fazer feliz
Mas quando teus poros banhados de suor e abraço e despudor e gentileza
Invadem meu sonho,
Acampam no meu corpo astral,
E nele constroem uma onda de alegria que me percorre, como um rio,
E sinto tua boca desaguando em cada trincheira
Erguida pelos arrepios impiedosos esculpidos
Desde a nuca, desarmando todos os nunca mais
E quero mais desses carinhos que tramam o por-de-sol da dor
E reduzem a cinzas toda falta de horizonte
Desejo que para o último dia deste ano,
Teu lábio aprenda no meu a não se perder na contagem
regressiva
E teu silêncio entrelace-se ao meu e se torne uma chuva de
fogos,
Que abrem mão de qualquer artifício
Para vestir de Ano Novo os sorrisos
E de mar límpido teu doce olhar
Pois, se estiveres comigo
Aposentarei a adolescência
E o sol poderá ser luz sem precisar esconder as marcas do
tempo
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