19 de setembro de 2016

Pra que o silêncio não seja resposta


Foto: Karla Vidal

O silêncio não é resposta
Na Grécia, o coral assistia em silêncio ao desenrolar do espetáculo,
Preparando-se para assumir uma posição diante dos acontecimentos
O silêncio não é indiferente nem mesmo à farsa, quem dirá à tragédia ou à comédia

Na música, o silêncio também não é resposta
É pausa dramática
No cinema, é a costura do suspense
E na leitura, a massagem do pensamento
Mas, o silêncio nunca é mensagem

Não fique em silêncio diante do que escrevo pra ti
Porque te amo
Além disso, o silêncio destoa da tua gentileza
E não acompanha o compasso do teu coração generoso

E se tua resposta precisar me desgostar
Que o desgosto seja o ensaio de uma forma disfarçada de usares o verbo gostar
No futuro (imediato)

Se o silêncio é sintoma de tua timidez
Quando elogio tua beleza
Prometo te elogiar baixinho
Pra evitar o risco de avalanche

Se o teu silêncio é revanche contra o meu
Saiba que fico em silêncio ou pra te poupar da minha intensidade
Ou de susto ao te ver sendo projetado sobre superfícies de prata refletoras
Só até lembrar como xingar quem te arremessou
E você também, por ser irresponsável
Silencio também quando fico com ciúme ao ouvir falar que tua atenção é dedicada a outra
Sem que sobre ao menos 69% pra mim
Mas, entenda: ser indiferente a ti não é possível
Porque não posso, não quero e não sei

Permita-me ser capaz de amar em silêncio
De conversar contigo daqui dessas paragens
Até que esse sol esfrie dentro de mim
Ou até o chamares para fazer parte de tua galáxia
Mas, por gentileza, não me responda com silêncios
A menos que o silêncio seja a evolução do inexprimível
Estacionado em fila tripla ao lado de nossos corpos envolvidos

Não bebo, mas estou disposto a beber contigo
Uma dose de desculpa para ficar te olhando adormecer,
Enquanto requinto o sol dentro de mim







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