19 de janeiro de 2021

Deixando amanhã pra poesia

Foto: Cláudio Eufrausino

 


A poesia me vê tão sem jeito de dizer o que sinto

Que toma posse do que escrevo

Daquilo que precisa do bater cardíaco do você que me lê

Pra se fazer ouvir em silêncio


Tudo tem sido tão antigo e novo e tão bom

Com ele, minha timidez deixa a veste do embaraço pra trás

Chamá-lo de anjo devolveu voo para as asas que não preciso ter


Um abraço só dele acorda em mim quase todo dia

Quase porque com ele não penso em viver só de beijos,

Mas de olhares e gestos sutis

De estar por perto lá onde as mãos não alcançam

Como um corte balsâmico de espada


E nos dias sem poesia explícita

Os vestígios de mim espalhados nas pegadas do destino-acaso

Possam rimar com o desejo de que o brandir da vida 

Ache nele a medida exata do fio e do desafio


Minha convicção está calma, aprendendo com você a respirar

Sem medo de deixar amanhã para a poesia


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