25 de dezembro de 2020

Poema de Natal para os despossuídos


 



O que tenho pra dar dou

O que tenho pra sentir sinto

O que tenho pra ser sou


Tenho sem ter e o que não tenho me transborda


O que tenho não é chave

Nem busca fechadura

Nem porta

Mas, tendo ou não,importa


Porque se não houver céu

E o amor precisar de um lugar pra ir

Meu coração está a postos:

Motel de uma única estrela-guia

Motel, sim,

Porque é lugar onde o amor se faz


A traição, ao contrário do que dizem por aí,

É feita nos cartórios de registro de bens

Onde o amor se torna imóvel


Peço desculpas ao Menino-Deus

Por não ser tão prático quanto 

As doutrinas e as convenções desejam

Meu signo é de ar e não de terra

Mas não peço desculpas ao meu anjo

Nem ao você que me lê

Sou o que tem pra hoje

De graça

E não precisa agradecer

Feliz Natal!


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