Com o risco de prisão, manifestantes denunciam censura
em protesto no Recife (Foto: Lorena Aquino / G1)
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Essa postagem fala sobre o direito de resposta, direito que está diretamente ligado à vedação constitucional do anonimato. Fala sobre a ignorância com relação à lei. Não fala aqui um expert, mas alguém que tem o direito de, a partir do conhecimento que constrói no convívio com os livros, os sonhos e as pessoas, dialogar com a legislação. Afinal - sem os livros, os sonhos e, principalmente, as pessoas - as leis e a terra perdem o sal e o mundo perde a luz...
Alguns têm confundido o crime de atentado violento ao pudor com o simples gesto de andar, nu, de bicicleta. E, de forma semelhante, têm confundido a vedação constitucional do anonimato com a proibição de utilizar máscaras durante manifestações.
Mas, me pergunto eu: uma pessoa que protesta sem roupas está verdadeiramente nua? Ela não está vestida de uma refinada ironia? Explico-me: o gesto de protestar despido traz implícito o questionamento do que verdadeiramente seria atentado violento ao pudor. É algo semelhante ao que ocorre numa praia de nudismo onde as pessoas nuas vestem-se do questionamento: são as roupas que fazem o respeito ao outro?
Do mesmo modo, a luta pelo direito de protestar usando máscaras reflete o questionamento do que representa o anonimato. O que é mais anônimo: rostos honestos sob máscaras ou a opressão descarada e silenciosa do assédio moral que transpira dos poros dasrelações hierárquicas no Brasil: relações estas assoladas pelos fantasmas de uma nesfasta herança colonial?
O poeta André Francisco Gil interpretou uma poesia minha como sendo um eco da voz do Satanás. Mas, isso não é de todo mal, para quem, na mesma semana foi chamado de fascista...
Creio que o suposto nojo que o eu-lírico diz sentir por Jesus Cristo, na referida poesia, é um disfarce medroso utilizado pelo poeta por não conseguir encarar o seu enorme desejo de amar. A ironia do nojo é que ele mora menos no gesto do que no coração de quem se enoja. Por este motivo, o poema faz, no final, referência, ao episódio em que Cristo cura alguém da cegueira misturando barro a sua saliva e esfregando nas vistas do cego. O mesmo cuspe que, em determinada circunstância, está associado ao escárnio, ao nojo e ao insulto, nesse caso, esteve relacionado a um milagre.
Com isto, quero dizer que o significado é devedor não só do gesto, mas também dos corações. Assim, cem milhões de brasileiros nus atentam menos contra o pudor do que dez mil brasileiros que, praticando a corrupção numa ponta, geram a doença, a violência e a morte na outra.
O nojo (que não é nojo) é uma confissão de um coração humano que, às vezes, precisa dialogar com a vontade de culpar a Deus por seus medos e frustrações, mas não vê a hora de deixar vir à tona o grande amor que, na verdade, sente. No amor genuíno e espontâneo, o assalto da dúvida e da decepção é inevitável, cabendo a nós enfrentar esse assalto com as armas do próprio amor. Contrariamente, é de se desconfiar de um "amor" que esconde por trás de eternos gritos de Hosana nas Alturas o desejo de ver alguém (alguéns) pregado na cruz.
Eis o link da poesia que levou-me ou, melhor dizendo, levou o eu-lírico da poesia a ser chamado de Satanás: Ilustres poetas desconhecidos: O nojo (que não era nojo) que Rosa Nor sentia por Cristo
A seguir, a reprodução do comentário feito a respeito do poema contido no link uma linha acima:
Cristo eu creio no que tens de mais sagrado e bonito que sendo santo como és enoja a satanás o anjo decaído e pequeno,disforme ser insignificante que quer de qualquer maneira roubar a coroa do Rei dos Reis,que é Maior e expande resplandecentemente o amor do Pai,que é nosso Criador desde o princípio e pela qual sente inveja o príncipe das trevas,o derrotado,o enclausurado do inferno que sequer terá misericórdia,se encerrará em sua prisão funérea eternamente porque Jesus é o vencedor.André Francisco Gil,poeta e escritor.
Em algum momento em sã consciência quis destratar uma obra ou uma manifestação poética,se analisar o texto vai entender que só exalto ao nome de Cristo,não por entender que seu poema tenha algo metafórico em relação ao nojo ou ao eu-lírico,aliás,como cristão que sou,jamais quis de forma alguma,depreciar sua arte,somos todos vítimas de mal-entendidos,isso acontece quando se emite um comentário inocente,desculpe-me se te ofendi,não foi essa a intenção,leia o comentário e entenderá que estou divulgando o nome Santo de Cristo,não tem ligação alguma com seu poema,que por sinal eu li e entendi sua simbologia.Cabeça oca não tem freio na boca,e pelo que eu sei você é de uma intelectualidade admirável,pois como poeta aprecio tudo o que faz no mundo das letras,ora um mundo em que estou interpretando como ingrato e ao mesmo tempo reconfortante.Mas longe de mim,causar polêmica por um simples comentário,de um cristão do Evangelho Quadrangular,apreciador de Jesus Cristo.André Francisco Gil,poeta e escritor.
ResponderExcluirSomos mesmo vítimas de mal-entendidos ;) Mas, a renovação da poesia se faz quando temos boa-vontade para superá-los. No futuro, estou certo que sorriremos juntos e espero que te sintas alegres em teres teu nome no título de um dos meus textos onde existe espírito crítico, mas acima de tudo respeito e carinho. Abraço e meu sincero obrigado pela consideração.
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