30 de setembro de 2020

Não há de quê

Foto: Cláudio Eufrausino

 


A resposta ao agradecimento

Poderia ser simplesmente: Por nada

Mas, de repente,

Minhas mãos tocam uma canção no vácuo

E despem a gratidão pra transformar em abraços e chêros

Toda precaução e reserva do você que me encanta 

Também quando me desencanta

Ou me decanta; banindo de mim

Tanto de não e de impossível

Que a vida deposita em meu subsolo;

Permitindo-me me permitir


Não há de que 

Ter mêdor

Pres(s)a, demora, receio, cobrânsia

Porque o nosso haver é verbo pessoal

O bastante pra flexionar os tempos imperfeitos

Inenarrar os tempos mais que perfeitos

E receber o que o presente tem pra dar

Onde nada em troca a haver é obrigado

 

Espero que a gratidão não seja 

Um modo de se preservar distante

Mas sim uma senha

Cifra do não medo

Da sincera calma

Que é ir fazendo parte da vida do você

Que meu querer não escolhido

Não cansa de colher

Onde quer que meu tato ame



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