Charles Aznavour Fonte: Lilian Pacce |
Aos nove anos, minha alma entendeu que era velha. Envelheceu com ajuda de uma tia que ensinou o piano a tocar minhas mãos e ensinou lindas canções a não acharem saída do meu coração, canções com vista para vozes igualmente lindas inda que travestidas de música instrumental
Lembro aos sábados, minha mãe alimentando meu vício de ser velho desde pequeno, ao sintonizar na rádio Cultura de Caruaru a voz de Ângela Maria, na qual o sapatinho de cristal de Cinderela coube tão perfeitamente que os sonhos de amor não tiveram outra escolha: tornaram-se abóbada
Claro que minha tia, mesmo sem falar francês, mostrou-me como fazer a tradução livre de Charles Aznavour.
E lembro que ele tinha o costume de abrir o show para a cantora Tracy Chapman: Ele cantando Il faut savoir; Ela, Baby can I hold you. O LP trazia as marcas daquela turnê bem sucedida
Uma amiga me falou sobre a possibilidade de duas almas gêmeas não conseguirem se encontrar numa determinada encarnação. Mas, essa teoria logo foi derrubada pelo registro imprimido pelas cordas vocais de Aznavour, em cujas margens meu futuro amor brincava de ser eterno
Sei que se eu pudesse ter certeza que teu sério Boa Noite ensaia um convite para visitarmos o Observatório, quebraria minha promessa e tomaria teu beijo meio amargo com uma nota doce ao fundo
Suspeito que o prazo de validade do ciclo das reencarnações tenha expirado e mesmo depois de se calar, a música continua cantando Charles Aznavour, escavando a corda do tempo-espaço em busca do momento em que teu desencontro e o meu se acharão
Desde já meu amor não me teme parce que Je t’aime
#EleNão, mas Você, meu novo amor, gostava que você pudesse ser meu mais companheiro talvez
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