Bailarina Foto: Karla Vidal |
Ele me espera no lugar exato onde um sonho se encontra com um universo paralelo
A música que toca é capaz de sonar no vácuo
Curando a realidade com pétalas de Saron brotadas do báculo de Ofiúco
Minha caneta deseja loucamente redimir os sonhos dos avós de nossos avós
Minha chama quer revestir os (an)seios de homens e mulheres
Mas, preciso tirar férias pra sempre do ofício de ser pilar de Zefir
Invento teus cabelos e, dando uma de Niemeyer,
Entrelaço-os entre os dedos
As mechas curam as cinzas dos sonhares acordados
Mas, se você não quiser vir me ver nos próximos 300
Continuarei lutando para manter a doçura espartana
E a ternura de Che Guevara: não o real, mas aquele dos Diários de Motocicleta
Já cheguei na idade em que, dia sim dia não, posso mandar a realidade se danar
O espelho me chamou pra sair
E ele sacou um buquê de erosões
E assassinou as onerosas cartas de antialforria
Com tinta imaculadamente ridícula
Um homem de verdade,
Me deu uma prova de amor,
Renunciando ao voto em Bolsonaro
E optando por voltar no tempo
E votar em Jair Rodrigues
Deixando que digam, que pensem, que falem
Descosturando a censura
E desasfixiando o fio de Ariadne
Espera por mim, amor
E toda esquina dos labirintos será saída
E minha única saída será o risco de te perder
Se este for o preço de ver o sol
Pedindo desculpas a Ícaro
E deixando-o entrar de graça no ônibus
Pela porta da frente
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