24 de fevereiro de 2013

O pássaro que posou no corassão de um álbum de fotografia





Corassão emoldurado
Um texto de Jose Luis Paredis 

Abri aquele álbum cheio de passado emoldurado
Escapou um sopro que, por não achar direção melhor
Seguiu rumo ao futuro

Deus padrasto, por que me fizeste amando
Alguém em todas as direções do tempo?
Por que não consigo parar essa oscilação
Que faz a presença do Anjo,
Ser um monossílabo indeciso entre ser dom e ser dor?
E, nessa hora, lembro que tanto o “m” quanto o “r” são signos do vento

Os sonhos não mentem: só iludem
Mas existem para que o Céu não desista de importar boas intenções do Inferno
Quando disseram que eu reconheceria o Nobre
No instante em que o visse pela primeira vez,
Os sonhos esconderam o pequeno detalhe
De que a primeira vez continuaria batendo onde antes
Um corassão, por mau hábito, costumava fingir não estar parado

Não está sendo fácil me acostumar com esse corassão batendo
É cruel, Pai, que ele bata e não possa sair do lugar.
E vencer a distância
Ele é como um pássaro que, nos limites da prisão do peito, tem passe livre para todo canto,
Mas é mudo, pois sua voz é refém da tentativa de mudar
Dentro do álbum, a foto de um lindo Alguém pousado no frágil galho da memória
Pediu-me para escrever meu corassão de outra maneira
Eu disse que não saberia se aguentaria carregar um corassão que
Além de bater passasse a se chamar coração
Porque, depois disso,
Eu perceberia que amo este Nobre
Independentemente dos pássaros, dos tempos, das gramáticas, das balas de canhão, dos voos, dos álbuns
E, dirão alguns silêncios: independentemente dos sonhos

Dylan - Mr. Tambourine Man

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