30 de janeiro de 2013

O poeta que foi multado






 Multa

Texto de Jose Luis Paredis



Guardar os eu-te-amos
Num armário sem porte de armas

E seguir trancado,
Como quem espera que a chave
Bata à sua porta

A pior forma de estar preso
É star de mãos atadas
Por trás de grades abertas

Que não dispensam a sela
Ao montar o corcel desmanchado em cinza
De uma asa só e refém de fisioterapia,

Ultrapassa o vento mais ligeiro
E, na curva, é parado por uma blitz
Que desaprendeu a ser relâmpago
E teve sua liberdade preventiva decretada
Por ter esquecido a casa em sua identidade

O auto de infração dizia: Onde estiver o teu limite, aí estará a cor de tua
Invisível oração

“Por favor, Pare!
Isso é melhor que você”,
Sentenciou o fiscal de trânsito
Enquanto apagava o tom da minha voz
Estacionado na passagem secreta de um beco-sem-saída

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