27 de maio de 2012

Reflexos do Hóspede da Alma na sociedade em rede


Origami representando o Espírito Santo



O século XX abriu as portas para um interesse crescente em compreender a terceira pessoa da Trindade, como prova o Concílio Vaticano II.

Deus e Cristo – as outras duas pessoas trinitárias – fazem-se presentes, na narrativa bíblica, por meio da voz. O Espírito se faz presente por meio da inspiração. Parece, por vezes, ser um ator coadjuvante. Mas, não é bem assim.

O que ocorre é que o Espírito exprime a grandiosidade da sutileza. É, talvez, o aspecto mais feminino da Trindade, o poder que atua gestando a luz onde os olhos não a conseguem ver. Assim fez ao conceber Cristo no ventre da Virgem Maria.

O Espírito Santo não tem rosto, porque se faz enxergar ao nos olhar de dentro de nós mesmos. Por isso, um dos títulos que recebe é: hóspede da alma.

O Espírito Santo não tem rosto, porque escolhe se tornar veste. Veste a palavra com a sabedoria, a esperança com a fé, e a fé com a promessa. Por isso, recebe o título de Consolador, pois o consolo é a invisível semente da cura que dá sentido ao remédio e que colhe vitória da alma ferida pelas espadas da dor.

Não tem rosto porque escolhe ser humilde e grandiosa moldura. É brisa doce que emoldura o alívio, é chama ardente que emoldura os dons, é água viva que emoldura a sede.

Cinquenta dias depois da ressurreição de Cristo, os apóstolos, Maria e dezenas de pessoas de diferentes origens estiveram reunidos e sobre eles línguas de fogo pousaram. E todos se compreendiam, apesar de falar em diferentes línguas, pela ação do Espírito.

Isso ocorre porque o Espírito apresenta ao mundo um tipo novo de sentido, que não se desfecha no indivíduo ou na coletividade, mas na extinção das categorias que se tentam impingir ao eu-nós do qual sou/somos constituído/constituídos. Por isso, um dos títulos do Espírito Santo é “Vento impetuoso, que sopra onde quer”.

Existe algo da sociedade em rede que reflete a impetuosidade do Vento do Espírito, desta presença que se esculpe na dissolução dos limites entre o tempo e o espaço, desta identidade que, sem rosto, anseia por refletir a face do eu que se hospeda no nós e vice-versa. 

More than words - Extreme

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