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Uma funcionária pública me pediu que orasse pelo filho dela
Eu disse que ia pedir que minha mãe orasse, mas ela insistiu
em
Meu coração bom [o ônus da prova cabe ao acusador]
Mas, mal sabia ela que, na hora de orar, eu pedia
Que Deus fosse rápido em ouvir minha prece
Que, ultimamente, sempre só consegue morar de passagem por
meu coração absurdo
Às vezes, pareço uma caberna onde a inteligência é
substituída pelo eco de trocadilhos
Um louco motiva meus trilhos a não desistirem de fazer os
trens tremerem
E visita uma oca onde o Aikido não se contente em regredir à
faixa preta a cada nova aula
Outro dia, um amigo me perguntou se a ruindade de fulana era
por ela ser lésbica ou algo do tipo
E percebi que para ser “bom”, era necessário ser hetero,
casado, rico e se deixar controlar por
Um macho, independentemente de ele ser homem ou mulher ou,
até eu mesmo
De repente, esta poesia foi interrompida por uma tocha
Lançada de outra dimensão por um neofascista
E por que pra ser contrário à imigração,
Preciso destruir os judeus?
Não se é contra os negros e os gays
Se é contra uma paisagem onde a alternativa não seja mais
subjugada
Onde o fazer alheio seja não o cumprir a ordem, nem o
ufanar-se do progresso
Entre dois gays, onde fica o lugar da mulher subjugada?,
indaga um furioso neofascista
Como estarei no controle, num mundo onde meu chicote não é páreo para a lei áurea?,
Questionou um futuro candidato à presidência da Ilha de Vera Cruz
Como estarei no controle, num mundo onde meu chicote não é páreo para a lei áurea?,
Questionou um futuro candidato à presidência da Ilha de Vera Cruz
E ele mesmo responde, sem tirar as mãos do Bolsonaro:
Meu lugar no mundo é à sombra de alguém fulminado por um
ataque terrorista
Minhas dez mil virgens, minha água fresca, meu paraíso
Brota numa taça amarga
Taça de sangue feito de uvas selecionadas,
Uvas que não se encaixam na ditadura da natureza,
Cuja bula foi prescrita não por “Eu Sou”, mas por “Seja como
eu”
À luz do tenebroso lançar de dados de Lord Armadilha e de um
Loukin-Jong
Papa Francisco eu te ordeno que, pelo amor do Amor, não desligues as fontes do Vaticano
Onde encontraremos água pra lavar os corações rochosos que se escondem por trás das tochas?
Onde as moedas mergulharão para realizar meus desejos egoístas?
Eu te ordeno que, pela gentileza do Galileu, canonizes Galilei
Pra que haja tempo ainda de meu coração se apaixonar nova e
reciprocamente
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