12 de outubro de 2013

A rosa-cobertor que desabrochou andaluz


 
Foto de Gilmar Carneiro


Rosa-cobertor
Por Clécio Vidal

O importante é que as rosas cheguem
Um pouco hostis mesmo que sejam
Porém orantes, consagradas a tua vida

E escorram lenta e docemente,
Pelas vértebras de tua cegueira,
Vinho Novo que destrona a treva e desabrocha andaluz
Nossa Senhora aparece e acena
Da porta que espera aberta pra ti

E todo milagre se torna de Novo primeiro
E, embriagado, o caminho
De quem se deixou amar
Bate asas e sai derramando
Pétalas
Até a lágrima
Entalada
Desaguar num oceano Novo, pelos séculos dos milênios

Importa que teu DNA se encha de
Alegria e que uma rosa
Nele se instale, abraçando apertado
A desoxirribose

Pois, se rendo homenagens aos vivos
As friezas e tibiezas se rendem
A um amanhã todo esperança
E quando rendo homenagens aos vivos
As rosas se descobrem cobertores rendados
E acolhem nossos corpos
Abraçados, admirados
Diante do reflexo do coração de Deus,
Reflexo que se chama Maria
E não tem vergonha de arderamar

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